Variações em uma tarde sem sol...

Se o sol explodisse,  haveria um clarão e teríamos ainda 8 minutos de luz. O tempo que a luz do sol leva para chegar até nós. Por oito minutos ainda teríamos a luz. Sentiríamos calor. Até que tudo fique escuro e frio. Teríamos ainda oito minutos para despedir.
Sempre soube que o tempo é algo muito relativo, desde pequeno ouço aquela história sobre uma fala de um cientista, algo parecido com isso: "se passarmos um minuto com a mão por sobre uma chapa quente, esse minuto demorará. Mas se passarmos um minuto na presença de alguém que gostamos, o tempo irá passar e nem sequer o perceberemos". Faz todo sentido. Não, não o sentido lógico, porque ora, um minuto será sempre um minuto (aliás, pensando bem, o que seria o tempo? Não é se não a medida da quantidade de vezes que o relógio faz tic-tac? Sendo um pouco mais modernos, no relófgio atômico, não séria a medida da quantidade de vezes que o átomo movimenta?), mas para pessoa-gente o tempo que se sente, não é nada lógico. Lógico não o é, porque o tempo entra em relação direta com nossos afetos e, afeto não há meio para medir. No máximo, o que podemos dizer é "estou muito alegre",  " estou muito triste". Entretanto não há medida ou escala para nossos afetos. O que chamamos de lógico não os comporta. Sim, sim, existem aquelas pessoas que nos ajudam a entendê-los melhor, colocá-los em certa ordem dentro de nós, mas nunca de forma exata. Com eles a lógica do dois mais dois igual a quatro não se aplica. Está nisso, também além.
Pensando nisso, quando deparamos com situações de cortes ou despedidas vivemos um pouco desse emaranhado. Acredito ainda mais que cada pessoa tem o seu tempo, pois o tempo, como disse, está relacionado com nossos afetos, liga-se então com o tempo que levamos para dar os significados para eles. O tempo em que ainda há a luz das vivências para que depois tudo se apague. Aquele clarão que nos diz apenas o tempo se esgotou, que tudo está terminado, porém, ainda sobre as reminiscencias. Os oito minutos de luz, os quais podem demorar ou passar num segundo.
Como toda experiência de fim, é dolorido e ao mesmo tempo angustiante. Pelo fato de pouco sabermos sobre o que vem depois e sabendo que tudo está terminado, resta o tempo compreender o que ocorreu e aprender a seguir sem aquela luz que outrora iluminava, porque a vida, a vida sempre continua.
Os oito minutos sempre se vão, rápidos ou vagarosos, para no final aprendermos que sempre haverá outros sóis...


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