...uma prosa antes de dormir....
No fundo somos movidos pela
ausência, por saber que algo me falta
vou ao encontro daquilo que pode em certo nível consciente saciar essa
ausência. Intrínseco a nossa condição está nosso desejo, somos desejosos por
essência, por ele fazemos nossas escolhas em todos os níveis. E, não adianta
vir com aquele discurso “racionalizador” recheado de justificavas, veja, falo
recheado, recheio é aquilo que está por dentro, aquilo que o olhar superficial
não consegue ver. É, por muitas vezes ficamos acomodados em não levar em conta
o recheio das coisas. Justamente nesse recheio mora nosso desejo. Um desses
autores certa vez escreveu que a morte pode ser entendida como ausência de
desejo. Engraçado, o mesmo discurso que no faz viver também pode nos levar a morrer.
Na verdade, acredito que vivemos nessa dialética, vida e morte, morte e
vida...vida como continuação, morte como recomeço.
Prestando um pouco mais de
atenção nas falas que chegam até nós o que se pode perceber é um discurso de
ausências, sonhos, esperanças e com o ouvido um pouco mais aguçado somos capazes
de adentrar em cada um através de pequenas falas de distração e, sentimos que a
compreensão não acontece somente no nível intelectual, a compreensão não está
apenas encontrar conectivos entre falas, situações e movimentos, compreensão é
antes um ato de amor. Ora, são os atos de amor que marcam todos os momentos
fundadores da humanidade. Um cientista quando faz sua pesquisa apenas situado em
sua capacidade intelectual fica limitado, mas, um cientista que consegue essa
harmonia entre amor e pensamento consegue fazer criações que marcam toda uma
história. Quem aprendeu a diferença
entre amor e paixão, entende que essa harmonia entre amor e razão é possível.
Por amor somos capazes de enxergar o outro com suas qualidades visíveis, porém,
por amor somos capazes de enxergar o recheio de cada um e saber conscientemente
que lá é morada de luz e sombras e mesmo assim dizer, amo!
O discurso é antes a palavra, e
essa é extensão do meu corpo, traduzem o que meu corpo diz em silencio. Na palavra reside o conhecimento, ligando
isso a nós, o conhecimento é a necessidade que temos de viver , pulsão de
conservação pessoal. Assim, como diz o filósofo, a razão é instrumento do
corpo, logo, não é na expressão de uma coisa, mas antes a ausência desta
coisa...a palavra faz desaparecer as coisas e nos impõe um sentimento universal
de que alguma coisa está faltando, desejo, conhecimento, sentido para a vida.
Por isso é necessário saber por onde anda nossas certezas, sem perceber somos
envoltos pelo senso comum e, o que tem me chamado a atenção ultimamente, o
senso comum a cada dia fica mais elaborado, superficialmente é algo,
profundamente diz a mesma coisa que outrora, não saiu do lugar, ficou no
amassar de barro. Como se a criança ávida por conhecer o mundo ouve de suas
referencias como é o mundo e de tanto
ouvir começam a ver o mundo exatamente como o descreveram.
Diante disso tudo é necessário
termos a consciência que investir em nós mesmos em todas as nossas esferas. Aqui
destaco a afetividade, como vivemos nossa afetividade diz muito a respeito de
nossa personalidade e analisando um pouco mais, muito antes de nossas
expressões vivemos isso em nossos discursos internos e externos. Como?
Auto-conhecimento. Conhecendo-me, sei um pouco mais de minhas ausências,
aprendo que ela será uma companheira durante toda a vida pois sou movido pelo
desejo do conhecimento das estâncias da vida relacional, espiritual e pessoal e
como um ato de amor tenho um desejo de ser uma pessoal melhor a cada dia.
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