..mais devaneio sem fim...

Traduzir a vida em palavras nem sempre é uma fácil. O emaranhado que estamos inserido por muitas vezes não cabem em palavras e por mais que tentamos dessecar, esmiuçar, pouco se refletirá, as palavras, o que de fato queremos dizer. Aliás há quem consiga fazer isso, os poetas. Não, eles não são pessoas que vivem num mundo a parte viajando em seus pensamentos. Pois para ser poeta, poeta de verdade, é preciso, sobretudo, estar a par de toda a realidade que está em volta e notadamente inserido. Porque poesia real é aquela que fala do real da vida. Por isso elas são maiores que o poder do tempo, o supera. Poesia cuida daquilo que é essencial.
Talvez seja essa a dificuldade que encontro em traduzir em palavras, não sou poeta, mas tento cuidar daquilo que é essencial e, transmitir isso a minha volta e, naturalmente para mim, exige de mim certo esforço.
Cuidar daquilo que é essencial é tentar chegar a uma imagem de ternura. Ternura é aquela imagem que não se pode tocar, falar ou expressar, pois, qualquer movimento estragaria a imagem. Ternura é aquele sentimento que não precisa de voz, por si já transmite tudo o que quer passar. Chegar a ternura é também chegar num canto de paz.
Sob um ponto de vista pode parecer contraditório falar em ternura e paz na vida. Pois ela carrega em si um energia pulsante de forças contrárias. De um lado a manhã do outro a noite. Ora o silêncio, ora a música. O sorriso e o choro. Ora abraço,ora separação. De uma lado chegada, do outro despedida. Ora vida, ora morte. No entanto, são esses opostos que dão vida à vida. Faz a vida ganhar seu movimento. Assim, o termino de algo é apenas o inicio de outro. Mundos terminam para outros começarem, copos esvaziam-se para serem enchidos. Sem a morte, a vida não seria possível. Entender isso, talvez seja o primeiro passo para levar a vida com maior leveza. Talvez seja o primeiro passo para começar a enxergar as cenas contrárias como irmãs e por isso ternas e essencias.


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