...sem atraso...


 Alice, como bem sabemos, encontrou com o coelho que a todo momento olhava no relógio e gritava, "estou atrasado, estou atrasado" e, em seguida partia em diparada, Alice, por sua vez o seguia, de início corria atrás, entretanto, em meio a travessia sempre apareciam outras coisas que também lhe chamavam a atenção. Um gato com suas charadas, o chapeleiro e tantos outras coisas. Mas sempre, apesar do seu ritmo mais lento, encontrava com o coelho correndo atrasado sem saber para onde. Interessante que por mais que o coelho corria estava no mesmo ritmo da linda Alice.
Mas chegou um momento que finalmente o coelho parou e Alice pode conversar, peguntou várias e várias coisas como curiosa que era, mas foi que surgiu um pergunta sobre o tempo: " Quanto tempo dura o eterno?", sem pestanjar o coelho respondeu, " muitas vezes, apenas um segundo..."
Não posso deixar de lembrar..." o que a memória ama, fica eterno, te amo com a memória imperecível!". Fazer memória...há memória que é fixa, parada, sem desejo nenhum, como aquela ferramenta que a gente procura quando precisa concertar algo, no entanto, há aquelas memórias de vida própria, em constante movimento, passarinho solto, vão para onde querem e não adianta querer busca-las, essas não são como o outro tipo de memória, são elas que decidem quando querem aparecer. Bacana que aparecem sempre de surpresa, quando menos esperamos ela espreita....essas memórias vivas moram em nossa alma, mas prefiro chamar de jardim, nesse jardim se encontram nossos fragmentos que compõem nosso corpo...mas ora, para que elas servem, não são ferramentas?
Essas memórias aparecem por causa da saudade. Esse jardim não tem interesse de cultivar o futuro, pois, o futuro ainda não está plantado. Seu interesse é pelo que passou o que o faz crescer é a saudade. Agora, talvez, vc entenda melhor esse poema: "A vida se retrata no tempo formando um vitral, de desenho sempre incompleto, de cores variadas, brilhantes, quando passa o sol. Pedradas ao acaso acontece de partir pedaços ficando buracos, irreversíveis. Os cacos se perdem por aí. Às vezes eu encontro cacos de vida que foram meus, que foram vivos. Examino-os atentamente tentando lembrar de que resto fazia parte. Já acei caco pequeno e amarelinho que ressucitou de mentira, um velho amigo. ACeou outro pontudo e azul, que trouxe em nuvens um beijo antigo. Houve um caco vermelho que muito me fez chorar, sem que eu lembrasse de onde mer pertencera.".
Saudade não conhece tempo, não sabe o que é ontem nem depois, para a saudade tudo é presente...podemos nos atrapalhar em meio as memórias 'houve ou invento?', invento liguagem, nunca uma emoção, se não houve, quando escrevo fica 'havendo' seja por esse um segundo sem atraso...

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