..livro de lugares comuns....

Todo mundo sabe que antes muitas pessoas tinham um diário. Um caderninho que era anotado as experiências pessoais vividas no dia, uma ocasião ou simplesmente usado, por muitos pré-adolescentes para expressar todo aquele amor platônico e um tanto narcisista que turbilhava. Alguns psicólogos até incentivam isso até hoje, registrar num caderno as variantes internas vividas pelo sujeito de modo a facilitar a visão de si mesmo, já fiz muito isso e, de certa forma, por aqui ainda faço mesmo que disfarçadamente, apesar de muitas vezes tão explícito.
Escrever é um exercício para a memória, em uma época que temos tão fácil acesso e qualquer tipo de conteúdo, textos, fotos, vídeos, corremos o risco da superficialidade. Porque não é possível que damos conta de tanta informação ao mesmo tempo. Um exemplo, a moda de postar frases marcantes de autores. Resta a pergunta, em que contexto aquele dito foi retirado? Quem nunca leu uma dessas frases e a encaixou na sua vida, seja no presente ou no passado? Ou mesmo os títulos e subtítulos de uma notícia? Bem verdade que a linguagem é algo universal por seus variados modos de expressão, textos, poesias, pinturas, músicas, entretanto, quanto investimento nos desprendemos para uma única coisa. Pense, quantas coisas você leu no ontem? Pense agora, o quanto você lembra de tudo o que você leu...no fundo, 'estar em toda parte é não estar em parte alguma'.
Teve uma época que as pessoas carregavam um caderno chamado "livro de lugares comuns", nesse caderno eles anotavam tudo o que lhe chamavam a atenção, lugares, pessoas e anotavam ainda, coisas que eles aprendiam nesse lugares, para que mais tarde eles buscassem esses registros, não deixa de ser um exercício para a memória. Tempos atrás, assisti um filme que o personagem fotografava todas as pessoas novas que ele conhecia, me chamou muita atenção isso, pois somos como sujeitos, simbólicos, ao olhar para a fotografia, a memória, naturalmente impregnada de impressões pessoais, aparecia.
A velocidade das coisas, melhor, a velocidade com que lidamos com as coisas hoje, pode fazer-nos desatentos aos lugares comuns que passamos...outra coisa que me chama a atenção é a sociedade da moda, espera-se mega eventos, acontecimentos grandiosos em nossas vidas, coisas sempre inesquecíveis e marcantes, porém, isso são apenas alguns pontos de cores diferentes em nossas vidas, o restante, são sempre a mesma coisa, mesma cor, e por eles que praticamente toda a nossa vida é contada. Vida é cotidiano...todo o resto é ficção.


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