...dois lados...

 Aparentemente contrapostos, justapostos, sinérgicos. Um lado rígido com suas fronteiras bem delimitadas, mostra somente que é necessário. O outro lado aberto, sensível. Porém, estes dois lados se mostram juntos, confundindo quem olha e exigindo um pouco mais de reflexão, pois para todo mistério exige naturalmente uma reflexão.
Porém todo mistério verdadeiro guarda consigo um gesto de simplicidade. Pois quando se olha para os contrapostos-justapostos, tem todo mistério e não tem mistério nenhum. Poesia é bem isso. Mistério genuíno  que vibra poeticamente, pois apenas essa vibração é capaz de ultrapassar as barreiras e unir os opostos de um modo completamente original, único e singular. Mais ou menos assim que se apresenta: "Em sua essência, a poesia é algo horrível: nasce de nós uma coisa que não sabíamos que está dentro de nós, e piscamos os olhos como se atrás de nós tivesse saltando um tigre, e tivesse parado na luz, batendo a cauda sobre os quadris.".
Não há maneira de entender uma poesia. Poesia é olhar para algo e saber que há muito além daquilo que é mostrado. Poesia é aquilo que atravessa nossa alma, qual trem de ferro e torna-se sentimento que atravessa, noite, madrugada, dia. Entretanto para entender isso tudo é preciso de aprender a escutar.
Para escutar não basta apenas ter ouvido para ouvir, antes é preciso que acontece um silêncio interno. Muitas vezes nossa arrogância disfarçada teima em misturar o que temos para dizer com o que o outro quer dizer, nossa forma narcísica de dizer que somos mais bonitos. É preciso que se abra espaços de silêncios para poder ponderar. Quando isso acontece, começamos enfim a ouvir coisas que antes não conseguimos ouvir, o grito que existe entre uma palavra e outra. Entre um contra e um justaposto...espero aprender...

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