Linguagem, arte, imagens, Deus e meus devaneios...


A ação de lembrar é feita por nossa imaginação, reconstroem-se, recriam-se nos descontínuos movimentos temporais e atemporais do fazer memória. E assim é porque há necessidade de basear a vida numa pluralidade de durações que não tem nem o mesmo ritmo, nem a mesma solidez de encadeamento, nem o mesmo poder de continuidade...
Saber chegar à arte é também chegar a um sentido. Quando busco a essência da linguagem consigo pelas palavras, formas e cores. Exercício de construção de sentidos. Assim, a palavras é sempre uma forma profunda de manifestação, e a imaginação é o vetor da criação; essa experiência é a criação do homem pela imagem e pela linguagem; é o abrir da fonte. Então, o poema apresenta-se como possibilidade aberta de significação.
Quando percebo isso, sinto, vejo e faço experiência que o silencio é palavra em que, tanto por dentro como por fora, há sentido, sabedoria. Do que não foi dito, do que ficou à margem ou talvez no centro, o que por ser mais denso e ao mesmo tempo leve, não pode subir a superfície do rio da linguagem porque esta é limitada. Esta é, pois, uma palavra que tem sabedoria que traz em si, motivados, os sentidos da língua e da linguagem, que diz e não diz, dizendo.
Não existe poesia anterior ao ato do verbo poético. Não existe realidade anterior à imagem literária. A imagem literária não vem revestir uma imagem nua, não vem dar a palavra a uma imagem muda. A imagem, em nós , fala, nossos pensamentos falam. Toda a atividade humana deseja falar. Quando essa palavra toma consciência de si, então a atividade humana deseja escrever, isto é, agenciar os sonhos e os pensamentos. A imaginação se encanta com a imagem poética...
Somos afetivos, presente na vida cotidiana, que em estado normal está adormecido em meio a obrigações intelectuais, sociais e práticas, libera-se quando somos flechados por arte, permitindo vivenciar o estado estético em sua profunda riqueza. Aqui, escapamos da prisão dos conceitos cotidianos e liberamos a nossa inteligência para plurissignificação. Somos capazes de esquecer o mundo banal, das significações comuns, e nos lançamos a uma vida plena de sentidos.
É a infinita sede de beleza da alma humana que buscamos na arte, pois é nela que encontramos a mais elevada potência da vida como a pulsação secreta do cosmo, em seu poder de manifestação, bem como a unidade com a criação, com o infinito.
Nunca se escreve demais. (...) O amor nunca termina de exprimir-se e se exprime tanto melhor quanto mais potencialmente é sonhado. Os devaneios de duas almas solitárias preparam a doçura de amar.
(...)...as grande paixões se preparam em grande devaneios. Mutilamos a realidade do amor quando a separamos de toda a sua irrealidade.
O corpo é leve como a alma, os minerais coam como borboletas. Tudo desde lugar entre meio-dia e duas horas da tarde.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto atravessa mar e montanha me sobressalta em arrepios, o amor sobre o natural.
Chorando, chorando, sairão espalhando as sementes. Cantando, cantando, voltarão trazendo seus feixes.
O autor da vida é Deus é ha infinitas maneiras de entender pois Ele é infinito.
A fonte da criação é Deus. A liturgia é uma coisa teatral. As vozes, o canto gregoriano, foram coisas que me salvaram. O que me salvou do terror da minha educação rígida, foi o que culto me deu: pura poesia! Via aquelas maravilhas todas e pensava: “Ai, Deus, tem pecado, o castigo de Deus, mas olha como é bacana a glória de Deus! E aí voava” Me salvei pela poesia. Meu projeto não é literário é existencial.
A arte nos humaniza porque nos coloca diante de nós mesmos, diante de nossos afetos.

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