..um pouco sobre transcender....


Mas preciso ter fome, preciso querer, antes de qualquer coisa é preciso ter desejo, vontade misturada com um pouco de audácia para sair do nosso lugar muitas vezes cômodo para aventurar em lugares completamente novos. Penso aqui, todas as pessoas são marcadas por diversas coisas durante sua vida, essas marcas, de certo modo produzem uma lente para os olhos as quais fazem o sujeito enxergar o mundo ao seu redor de acordo com essas mesmas deixadas em sua vida. É uma estrutura de pensamento, gaiola. Desejar é o mesmo que ter coragem de arrebentar a gaiola e ir à busca daquilo que sacia. Agora, quando percebemos que a gaiola. Passarinho que nasce em gaiola, seu mundo se limita a aquela gaiola, tanto que quando solto não sabe sobreviver. Agora, pessoa-gente é passarinho livre que por não saber lidar com a liberdade, por diversos motivos, procuram gaiolas, por pensar que melhor viver é saber-compreender os limites do seu mundo. Bobos, não percebem que liberdade é o chamado maior, tal faz morada naquilo que move. Por isso, alguns constroem suas gaiolas e logo conseguem se libertar e sair para o vôo (uma cena que agora lembro, acho muito bonito aquele passarinho ‘azulão’, quando pequeno tinha um na varanda da casa da minha vó. Por muitas vezes ficava lá, olhando, olhando, olhando para ele, não cantava muito, mas sua cor me encantava, certo dia, ele fugiu, criança que era e que ainda sou em muitas ocasiões - nesses últimos dias sinto que ser alegre é melhor que ser triste quando a criança aflora, faz presença e permite a liberdade acontecer – fiquei imaginando a peripécia da fuga: de repente a porta estava aberta, chegou à beiradinha, olhou para um lado, olhou para o outro, a asa começou a querer bater por conta própria, tanto que todo o corpo do passarinho respondeu a aquele desejo de suas asas, inclinou o corpo e saiu para o seu vôo para nunca mais voltar), gaiolas para pessoa-gente sempre estão com as portas abertas. Algumas insistem em ficar longe da porta, negam a todo custo o mundo existente fora da gaiola, adoecem. Outros depois da negação, aceitam a necessidade de levantar vôo, chegam a porta da gaiola, e levanta vôo para não mais voltar a gaiola. Porém, essa vontade de voar apenas acontece quando as lentes se quebram...
Em momentos de crise, o pessoa-gente direciona seus questionamentos para o que leva para a sua verdade, faz questionamentos sobre os sentidos da razão da vida, de sua vivencia, desafios e conquistas. O modo com o qual lidamos com essas questões básicas já diz muito sobre a pessoa. Porém o centro de significação dessa esfera por muitas vezes é buscado em lugares desprovidos de qualquer sentido que leve a vida, que leve a pessoa tornar-se algo melhor.  As noites traiçoeiras emanam na sociedade de uma forma, como diz um autor, pseudo- transcendência. Transcendência é ir além do que pode enxergar tocar aquilo que as mãos, nossos limites, não podem tocar. Aquilo que qualquer parâmetro já articulado não pode suportar. Transcender é quando alguém com suas poucas condições, compra uma flor de plástico, compra um vaso de plástico e os coloca em cima de uma mesa já muito surrada pelo tempo e diz: agora sim, a casa ficou bonita! Transcender como percebe, não se pode pegar com as palavras, só consigo falar de tal experiência com exemplos, escapa aos dedos de tamanha sutileza e ao mesmo tempo de tamanha magnitude dessa experiência. Pseudo-trasncendecia é a sensação de experiência disso que tentei descrever, isso, apenas na sensação, não houve movimento, mutação, transformação. A sensação e os olhos para a realidade continuam os mesmos. Interessante perceber o ciclo que isso se forma em muitos casos. Passarinhos em gaiolas sem perceberem que estão engaiolados...


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