sobre tristeza...

Sempre que chego perto da poesia da Cecília Meirelles e a cada poesia dela que sou apresentado sinto aquela um ar de tristeza subordinada a alegria de enxergar a beleza de cada verso que de alguma forma, estampa muitas cenas de minha vida. Por algum momento penso que a beleza vem,  com um toque de tristeza. Lembro também que o que é bonito enche os olhos d'água, bem dizia Adélia.
Sinto-me estranho quando falo em tristeza olhando para os pensamentos a minha volta, por alguns momentos sinto que esse sentimento é o mais combatido, pois, parece-me que não é permitido ficar triste, como se a alegria tivesse que sempre estar presente, o tempo todo, todo o tempo...fernando pessoa: "Ah! A imensa felicidade de não precisar estar alegre". Coloque essa frase em algum perfil em suas redes sociais...falarão em apologia, demagogia, essas 'gias' da vida sobre a tristeza...porém não é bem isso.
Alegria o tempo todo é algo muito desgastante, como tudo o que é em excesso. Conheci pessoas que eram alegres o tempo todo, sempre contando piadinhas para fazer as pessoas rirem, como se perto destas pessoas a tristeza não podia passar perto ou estar estampada na cara de qualquer pessoa, ao seu redor a única coisa que pode existes é alegria. Chegava a ser cômico no tempo que acordava antes do sol nascer para fazer as orações matinais na capela. Acordávamos morrendo de sono pois nunca tinha tempo para dormir o tempo suficiente e estava lá esbanjando aquele BOM DIA para a casa de quatro andares inteira ouvir...muitas vezes eu não respondia, apenas tinha o trabalho de balançar a cabeça com um sorriso amarelo ( por dentro ficava gritando para ele ficar quieto!)...ainda bem que um dia ele aprendeu que diferente dele as pessoas precisam de um tempo para acordarem..rs. Excesso de alegria leva a perda de sensibilidade. Para se ouvir a Apassionata é preciso aquietar o coração e sentir a gravidade das notas...tenho uma mania, deixar as cordas do meu violão mais velhas possíveis, todos que olham para ele logo falam: está na hora de trocar essas cordas, né Saulo?...mas tenho os meus motivos, os tons menores no violão com cordas novas nunca são os mesmos com violões com as cordas velhas. Tente fazer um lá menor dedilhando corda por corda a vibração é mesma, mas o som não tem aquele ar de recolhimento, aconchego misturado com uma pitada de beleza e tristeza, sem melancolia!
Agora cabe fazer um distinção entre melancolia e tristeza. Melancolia é quando resolvemos amassar barro, ficamos um tempão lembrando e amassando as lembranças. Tristeza é quando transformamos esse barro, tristeza tem o poder transformador, bem sabem disso quem se alimenta de um pouco de arte...

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