Co-criadores
Nossa formação direciona para
nossas escolhas nas mais diversas esferas. Pelas nossas referencias e
experiências trilhamos nosso caminho de escolha em escolha. Percebemos aquele
velho clichê, a vida é feita de escolhas. Em partes, pois, acredito que o que
importa no final é o que vem depois da escolha, a atitude em si possui sua
relevância, porém, que vale escolher se não é possível bancá-la. Por isso, o
importante é bancar o que escolhemos, bancar nossos desejos. Claro, não a ferro
e fogo, não há vida sem relativizações, não há criação unidirecional, são
vários caminhos para um fim. Caminhos que levam a um objetivo e outros que
levam para longe dos objetivos, não por isso errado, aqui, mundos terminam para
começar outros. A ciência, fazer ciência, permito falar, a arte de fazer
ciência.
Acontece assim, a gente senta com
um plano de trabalho, como uma receita de bolo, tudo bem detalhado com os
ingredientes, com os materiais necessários e o modo de preparo. Fazer bolo é
repetir tudo o que está escrito no pedaço de papel. Fazer ciência é fazer tudo
o que está no papel com uma diferença, liberdade. Por isso arte de fazer
ciência, arte consiste nisso, a liberdade de expressão, assim, percebe que
liberdade vai até onde conseguimos existir. Vamos fazendo tudo de acordo com o
que está escrito, de repente, uma luzinha se acende, enxergamos, começamos a
enxergar além daquilo que está escrito para se fazer. O caminho pronto a
trilhar fica transparente com diversas bifurcações. Mudamos um detalhe, um
mundo acaba e outro começa cheio de mistérios a ser desvendados. Há outro
detalhe a ser comparado com o fazer bolo, já perceberam que mesmo com a receita
igual quase nunca fica igual ao que o outro faz. O bolo que eu faço não é nunca
igual ao que o outro faz, no meu bolo tem minha marca, meu jeito, quando se faz
ciência, deixa a marca única, o resultado em números pode até ser igual mas, o
modo com qual chegou a marca, a travessia cada qual é o que faz.
O que mais impressiona na
ciência, não é o fazer, os resultados, porém, o caminho traçado. A ciência se
faz pelo caminho dos erros! Descobertas, feitos, acontecem por sucessivos erros
que levam a um acerto! Aquilo que chega ao conhecimento da maioria das pessoas
não é se não um emaranhado de erros que tiveram um fim benéfico e útil para a
humanidade, sem considerar os interesses das grandes empresas, claro! O
instigante que a cada erro, fazemos em memória tudo o que foi feito e começamos
a gerar mais hipóteses, se mudarmos isso, se aumentarmos o tempo, se
consideramos que a ação disso provoca aquilo podemos diminuir o efeito, e por
ai vai todas as divagações. E assim re começa tudo, colocando em prática as
divagações! Perseverança! E, se ao final, nada daquilo pensado, nada das
hipóteses não estiverem concretas, a memória do caminho se re-faz e, novas
possibilidades, novos trajetos são imaginados para se chegar a um fim que se
deseja.
E quando chega ao que se espera,
acabou? Pelo contrário, quando se chega ao fim, comemora-se muito o feito, a
satisfação de ter feito algo e de te criado algo novo nas pelejas exigidas fica
muito latente. Porém, isso é algo muito temporário e efêmero. Pouco tempo
depois de ter conseguido, aquele mergulhado no caminho dos erros coloca sua
imaginação para funcionar, inicia uma busca de algo novo nas coisas mais banais-simples
da vida pois, aprendeu com o tempo e trabalho que as coisas mais marcantes
fazem morada naquilo que é quase imperceptíveis aos olhos objetivos. Para se
olhar o simples é preciso ter olhos distraídos, ter a sensibilidade de
impressionar com o pequeno, com aquilo que a priori não possui em si relevância
alguma. Poetas sabem muito bem disso, olhos distraídos com os dois pés firmados
na realidade para no simples enxergar o complexo. Dessa forma, mundos terminam
e mundos nascem.
Nessa arte, uma atitude é
essencial, atitude de aprendiz-questionador-trabalho. Aprendi isso com meu
orientador, uma pessoa que as matérias básicas no que se refere a sua formação,
muito sólidas, possui um conhecimento de fisiologia que não se encontra fácil
pelas esquinas da educação. E, mesmo assim, tem em si uma vontade de aprender,
de conhecer, de discutir idéias e principalmente colocá-las em prática. Basta
chegar com uma divagação, com um questionamento para tempo a fio passar
discutindo tal idéia visando um fim, começar o caminho dos erros.
A idéia de co-criadores do mundo
faz um laço muito estreito com a ciência...aprendizes enfocados em nossas
capacidades com o ato criador vinculado ao que está além da pessoa humana,
inspiração!
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