Tres prosinhas para costurar
Já dizia um a
poetiza “o que memória ama se torna eterno”. Nossa memória
tem esse poder sobre nós, matem vivo aquilo que passou, porém
apenas aquilo que ama. Há muitas lembranças que guardo
a sete chaves dentro da minha memória, as quais penso, sinto
sim um pouco de nostalgia, as vezes; no entanto a vida já
tratou de me ensinar que por nostalgia a vida não segue,
apesar da mesma sempre continuar. Por isso não por nostalgia
que as ocasiões vivem dentro da gente, devem viver por amor.
Porém algumas lembranças não por amor vivem.
Vivem por qualquer outra coisa, menos amor. Essa palavra que tanto
falamos, amor, se não for acompanhada com liberdade, amor que
não é! Chamo a poesia novamente:
“O que não
parece vivo, aduba
O que parece
estático, espera.”
Há memórias que pedem a morte, mas não para
trazer mais morte, para trazer vida, adubo. Tirando esses agrotóxicos
e outros aditivos, o adubo que nossos avós usavam em suas
plantações. Estrume! Algumas plantas sem esse estrume
não conseguem crescer, viver, dar frutos. Há memórias
que são como estrume, adubos para o salto necessário de
maturidade, de crescimento, abertura para a vida e disso trazer vida.
No entanto para se matar o que pede a morte (se é que
pede!?!?!?) não é fácil, somos por natureza
acomodados. Acomodação muitas vezes não é
se não a nossa melhor defesa contra um vida nova que todo
momento faz convite para trazer ao consciente o que geralmente não
pensamos à priori. Sabe, existimos também por aquilo
que não pensamos, penso as vezes que é o lugar que mais
existimos.
“Tinha
vantagens não saber do inconsciente, vinha tudo de fora, maus
pensamentos, tentações, desejos. Contudo, ficar sabendo
foi melhor, estou mais densa, tenho ancora, para em pé por
mais tempo. De vez enquando ainda fico oca, o corpo hostil e Deus
bravo. Passa logo. Como um pato sabe nadar sem saber, sei sabendo
que, se for preciso, na hora H nado com desenvoltura. Guardo
sabedorias no almoxarifado”
Oferecemos aquilo que temos para doar. Cômodo trazer tudo de
fora, denuncia vazio. Omissão diante da vida. Saco vazio não
para em pé já diz o ditado. Já pensou se todos
os estrumes jogados nos deixassem ausência de culpa, já
que não é nosso. Novamente, doamos aquilo que temos
para doar. No momento que assumimos aquilo que é nosso,
preenche, nos traz chão e porto seguro e densidade (o que é
denso emerge nas profundezas). Faz daquilo que poderia ser culpa,
sabedoria.
“Para
ser grande, sê inteiro: nada/Teu exagera ou exclui./Sê
todo em cada coisa. Põe quanto tu és/No mínimo
que fazes./Assim em cada lago a lua toda/Brilha, porque alta vive”
O ser inteiro acontece no
equilíbrio, no equilíbrio, na contra balança o
mesmo peso da balança. Acontecendo isso, cabe um pouco de
tudo, cabe ao menos o pouco que és em totalidade....
Comentários
Postar um comentário